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Psicanálise é o mesmo que Psicologia?

  • Foto do escritor: isabellatorqueti
    isabellatorqueti
  • 2 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 18 de jul. de 2024

Pode-se dizer que pensar em Psicanálise implica pensar no conceito de inconsciente, inicialmente estruturado por Sigmund Freud a partir de sua percepção das manifestações de sofrimento observadas em seus pacientes.

O sofrimento é parte da vida humana. Sofremos porque nos deparamos com limites, incertezas, instabilidades e incompletudes o tempo todo, a cada momento em que lidamos com o outro, e enquanto seres de linguagem, como disse, posteriormente, Lacan.


Na clínica Psicanalítica, o analisando é colocado a falar sobre seu sofrimento. Cada um que se senta ali, na poltrona em frente ao analista, precisa dar um jeito de encontrar palavras pra dizer daquilo que, de alguma forma, se aproxime do que ele chama de sua dor.

E com isso, verificar a ambiguidade, a ambivalência, os conflitos e suas questões sendo escancaradas pouco a pouco. Há uma divisão subjetiva que nos constitui, há algo de estranho que nos habita, que não reconhecemos exatamente, mas que está lá o tempo todo.


Em uma análise (e essa é uma das principais diferenças em relação à Psicologia), o que se busca não é o entendimento total da queixa, muito menos a erradicação de um ou mais sintomas. O que se espera é que o sujeito fale, a fim de que, a partir do trabalho de escuta do analista, possam se construir meios para avançar em suas questões e dilemas.


Um analista, amparado pela ética de seu desejo de analista (conceito lacaniano), sabe muito bem que não é ele quem detém o saber sobre o sintoma de alguém. Quem, de verdade, sabe sobre seu sofrimento é o sujeito do inconsciente de cada paciente, e esse saber vai aparecendo aos poucos, conforme as manifestações inconscientes vão surgindo e o analista vai dando conta de apreende-las e devolve-las para que o paciente as escute, e tome nota delas.


É nessa dinâmica que o sintoma vai se construindo enquanto narrativa, de maneira que a dupla vai podendo visualizar de que forma aquele paciente se estruturou ao longo de sua vida, de que forma se relaciona com o outro, e de que forma ele sofre. No entanto, é preciso estar advertido: apesar de o paciente externalizar suas insatisfações consigo mesmo, e um desejo de mudança acerca de seus sintomas, inconscientemente o funcionamento é outro. Com seus primeiros pacientes, e em seus estudos, Freud descobriu que o sujeito dedica-se, na verdade, à manutenção de seus sintomas.


Sendo assim, observando esses pontos (entre outros), vai se tornando perceptível a diferença entre esse tipo de atendimento e as outras práticas, provenientes da Psicologia e Psiquiatria. Um trabalho psicológico e/ou psiquiátrico aproxima-se de um caráter sugestivo, que ampara-se em técnicas que visam eliminar sintomas cognitivos.

A cura pela psicanálise se dá de outra forma: ao invés de erradicar sintomas, propõe-se que se possa buscar compreende-los, suportá-los, e verificar novas possibilidades a partir deles.





 
 
 

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